O Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)biográfica – CIPA – , criado, em 2004, por iniciativa da Professora Maria Helena Menna Barreto Abrahão e promovido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, permitiu dar o primeiro impulso à criação de um fórum de discussão, entre pesquisadores de universidades brasileiras e do exterior (Inglaterra, Dinamarca, Portugal, Itália, Espanha, Israel, Canadá e Estados Unidos), para aprofundar o debate teórico-metodológico relativo à investigação científica com fontes biográficas e autobiográficas. A temática do I CIPA, “A Aventura (Auto)biográfica: teoria e empiria”, despertou expectativas de um devir, apenas delineado, e inspirou as edições posteriores, que vêm alargando conhecimentos e articulando novas redes de pesquisa nacionais e internacionais. O congresso contou com apoio financeiro do CNPq, da CAPES e da FAPERGS, bem como o apoio institucional da SBHE e da ASPHE.
O II CIPA, promovido pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), foi realizado em Salvador, no ano de 2006, e teve como temática “Tempos, narrativas e ficções: a invenção de si”. Destaca-se como um de seus marcos importantes ter reunido, pela primeira vez, a maioria de grupos de pesquisas atuantes nos Programas de Pós-Graduação das universidades brasileiras, inaugurando parcerias interuniversitárias na organização do CIPA, obtendo a cooperação e o apoio de associações científicas tais como a ANPEd e a SBHE.
O III CIPA, realizado em 2008, em Natal, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, propôs como tema de discussão “(Auto)Biografia: formação, territórios e saberes”. Naquela ocasião, foi criada a Associação Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica (BIOgraph), que, a partir de então, irá se constituir como parceira e promotora do CIPA, fortalecendo o movimento (auto)biográfico brasileiro. O III CIPA congregou pesquisadores associados de todo o país, deu início ao diálogo com a América Latina e ampliou o apoio institucional de associações científicas nacionais, com a participação da ANPEd, SBHE, ANNIVIF e associações internacionais ASIHVIF e AFIRSE.
O IV CIPA, realizado na cidade de São Paulo, em 2010, foi promovido pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), com o apoio da BIOgraph. O marco dessa sétima edição do CIPA se traduz na apreensão de especificidades (auto)biográficas que se expressam nas artes de viver e narrar, em diálogo com a criação científica na vida cotidiana, nas invenções artísticas, em diversos espaços e temporalidades.
O V CIPA voltou a ser sediado, em 2012, na PUCRS, em Porto Alegre, e teve como tema central “Pesquisa (auto)biográfica: lugares, trajetos e desafios”, objetivando retomar questões históricas e suas vinculações com avanços que marcaram o início, o desenvolvimento e a consolidação da pesquisa com fontes (auto)biográficas no campo educacional brasileiro, destacando trajetos e modos de pensar os desafios e os diálogos que se colocam na contemporaneidade no seio de uma sociedade biográfica
O VI CIPA, realizado, em 2014, na cidade do Rio de Janeiro, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), teve como tema “Entre o público e o privado: modos de viver, narrar e guardar”, vinculando sua temática a questões em pauta na sociedade brasileira, concernente ao direito de se publicar, respeitando-se os limites éticos, biografias não autorizadas com base na ideia de se preservar a memória coletiva de grande interesse social e histórico.
O VII CIPA aconteceu em Cuiabá, em 2016, na Universidade Federal do Mato Grosso, e abordou como tema “Narrativas (auto) biográficas: conhecimentos, experiências e sentidos”, valorizando tais narrativas como fontes de investigação e produção do conhecimento científico nas Ciências Humanas, Sociais, Artes e Saúde, considerando que nessas narrativas a vida se faz e se refaz, quando traduzem, configuram e refiguram sentidos.
O VIII CIPA realizou-se em São Paulo, em 2018, na Universidade Cidade de São Paulo, e focalizou a temática “Pesquisa (auto)biográfica, mobilidades e incertezas: novos arranjos sociais e refigurações identitárias”, e buscou interrogar os modos como os sujeitos se movem nas organizações, desorganizações, reorganizações territoriais, paisagens internas e externas, decorrentes das conjunturas sociais, econômicas, ambientais, culturais, religiosas e políticas contemporâneas, provocadoras de experiências vivenciadas em novos horizontes (auto)biográficos.
As discussões no campo da pesquisa (auto)biográfica no Brasil, a cada edição do CIPA, tem contado, desde 2004, com o auxílio de agências de fomento nacionais, CNPq e CAPES, de Fundações de amparo às pesquisas estaduais, que se constituem um apoio fundamental para o reconhecimento e institucionalização desse campo de pesquisa. É importante destacar ainda que no intervalo das edições do CIPA, se realizam Seminários, Simpósios, Colóquios, como ações de grupos de pesquisas, vinculados aos Programas de Pós-Graduação do país.
O trabalho colaborativo em rede, desenvolvido pela BIOgraph, permitiu a criação da RBPAB – Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica (Qualis A4), lançada no VII CIPA, em Cuiabá, em 2016. A RBPAB, criada com o objetivo de socializar, disponibilizar, difundir resultados de pesquisas e discussões epistemológicas concernentes aos diversos domínios da pesquisa (auto)biográfica, veio se somar à vasta literatura disponível na área, resultante das aberturas propiciadas pelo CIPA e as redes de pesquisa que ele congrega e promove.